sábado, 26 de abril de 2008

O novo espetáculo da Barbárie (ou vida imagética)


O novo espetáculo da barbárie






Enquanto isso, o espectador "brinca" d julgar de julgar a vida, o destino de terceiros,ficando numa posiçaõ privilegiada de poder ocupar imaginariamente a posição de julgador e julgado.






O elevado índice de audiência do"Reallty Show" Big Brother Brasil, se deve a um poder complexo de sedução exercido pelo mesmo junto a um determinado público. Tal poder estabelece um jogo de forças que abarca tanto a fruição de jogo propriamente dito, ou simulação deste, em formato de programa; quanto a questão da perfomance em uma via de duplo sentido.

No primeiro caso, estabele-se uma semelhança em nível de formato novelesco, trazendo o telespectador para dentro da "trama" e levando a mesma para dentro da "realidade" do público. Ao contrário da novela, o jogo que se estabelece, permite ao espectador não apenas se inserir no campo do julgamento ético, principalmente, através de uma intervenção\manipulação, ainda que limitadas, desse mesmo jogo.

Esse manipular, intervir, nessa mimese da relaçõs sociais é que permite que o público adquira uma capacidade de mudar a "vida", que ele na prática, ou na realidade, não consegue fazê-lo. Pr outro lado, o programa nada mais é do que os "programas" da época do Coliseu Romano, na qual

"atores" desempenhavam um papel junto a um público com suas peromances, na qual público e imperador decidiam quem "sairia" e quem "ficaria".

A barbárie continua a mesma, só que dessa vez, em nome dos egos vazios, da cultura do espetáculo, da industria do fetichismo, do psudo-voyeismo, ec. Não há sangue, não há violência explícita, mas há a humilhação dissimulada, dentre outras violências veladas.Enquanto isso, o espectador "brinca" de julgar a vida, o destino de terceiros, ficando numa posição privilegiada de poder ocupar imaginalmente a posição de julgador e julgado.

Em se tratando da perfoance, temos de um lado os participantes executando um exibicionismo que não tem nada a ver com aquele ligado à questão sexual ou voyerista, mas a criação "simbólica", de identidades, de imagens. E essa perfomance tem o seu ápice absoluto exatamente nos dias de "paredão", onde se é cobrado um hiperimagem dos "emparedados", ou seja, a imagem lém da imagem, a quebra do limite da imagem. Uma imagem que supera através da performance, todas as outras até então, do histórico do próprio personagem em questão e do seu adversário.

Por outro lado, a performance também atua em um sentido não dupla, posto que além da performance dos "atores", também encontramos a performance do público que atua de maneira a orquestrar as condições do jogo no qual os "personagens" estão inseridos em uma luta pela "sobrevivência". Ou seja, o novo "espetáculo da barbárie", se diferencia daquele da época dos gladiadores, no que tange ao seu conteúdo e forma, embora numa análise mais profunda, possa-se enxergar uma violência, uma perversidade, etc, muito maior nele, do que no antigo. Além disso, as performances do antigo não possuiam um caráter falso ou duplo como o atual, com cheiro de café descafeinado, como diria Ztzerk. A barbárie agora vem em forma de espelho de desamparo social generalizado, do ego como mercadoria, da não-cultura como cultura, do induvidualismo exarcebado, da falta de comunicação, e, com o perdão do trocadilho infame da "vigilancia" onipresente.

Bem vindo a vida imagética. Por Marcello Freitas.

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